O prefeito Omar Nagib Moussa esteve reunido com professores da Universidade Estadual Paulista (Unesp), a fim de inserir Santa Rosa no mapa mundial do turismo científico, através da criação de um parque paleontológico.
O projeto envolve o Campo de Estromatólitos Gigantes, descoberto há alguns anos durante escavação em mina de calcário em Santa Rosa de Viterbo. “Temos um excepcional campo de estromatólitos gigantes, com até 3 metros de altura. Estromatólitos são estruturas sedimentares formadas pela atividade de microalgas em águas rasas e que foram formadas há 260 milhões de anos. Eles estão presentes em todo o mundo, mas quase sempre são pequenos. Em Santa Rosa do Viterbo não é assim. Lá há um excepcional campo de estromatólitos gigantes, com até 3 metros de altura.
O local é único no planeta e um dos 142 geossítios selecionados para compor o Patrimônio Geológico do Estado de São Paulo”, comentou. Ele reforçou que este sítio paleontológico, que já foi tombado, serve de atração e de área de pesquisa, sendo uma oportunidade para a criação de um turismo científico na cidade.
Durante o encontro com os pesquisadores, Moussa explicou que busca parcerias para o projeto de transformar o local num polo de turismo geológico. “Estamos buscando recursos junto ao governo federal e estadual. Temos um projeto, ousado de construir uma estrutura no local, tanto para contemplação, como para interesse científico. Acreditamos que essa obra fique entre 3 a 4 milhões de reais, e o município não tem recursos para isso. Se tivermos o aval de uma universidade, acredito que conseguiríamos financiamento para este projeto através do governo estadual”, esclareceu.
Segundo o prefeito, já foram feitos contatos com os secretários estaduais de Turismo e Desenvolvimento Tecnológico e houve uma receptividade muito grande. “Já é um local onde tem uma rota do Caminho da Fé, em direção a Tambaú, e também uma rota de ciclismo rural. Precisamos fazer essas convergências de características turísticas para conseguir apoio junto ao governo estadual”, destacou Moussa.
Participaram do encontro os professores/pesquisadores Edson Denis Leonel, José Eduardo Zaine, André de Andrade Kolya, Rosemarie Rohn Davies, José Alexandre de Jesus Perinotto e Dimas Dias Brito, que vislumbraram de forma positiva a efetivação dessa parceria entre a Prefeitura e a universidade, destacando também o empenho, demonstrado pelo prefeito para a preservação da área.
Os pesquisadores também chamaram a atenção para a necessidade de preservação dessa área. A professora Rosemarie Rohn Davies, destacou que a existência de estrutura similar ao sítio de Santa Rosa, só é possível de ser encontrada na Namíbia, na região sudoeste da África, e mesmo assim, de proporções bem reduzidas. O que torna essa área de Santa Rosa, muito mais importante, pois é única com essas características que podem ser encontradas na borda da bacia, explica.
O geólogo José Eduardo Zaine mencionou os desafios para combater o intemperismo climático. “Podemos contribuir com nossa experiência, a fim de evitar que o intemperismo possa agir sobre o sítio arqueológico temos um desafio que estamos construindo com o Sesc em Limeira, onde se faz um trabalho de preservação de uma rocha de origem glacial que também está exposta intempérie das chuvas. Neste primeiro momento é importante buscar uma forma de proteção parcial para preservação da área, até se chegar a uma forma definitiva. Numa primeira etapa é preciso fazer uma caracterização geológica, em seguida a delimitação de um polígono, para que se possa fazer a proteção jurídica a partir desse polígono”, enfatizou.
André de Andrade Kolya ressaltou que “Seja para fazer a proteção da área, ou tombamento pela prefeitura ou estado, ou criação de uma unidade conservação, esse polígono é muito importante, para depois se estudar uma forma de preservação desta área, pois os nossos maiores inimigos são a água e a variação da temperatura”.
Para o professor Edson Denis Leonel, ficou evidenciado a importância da área, um espaço singular. Ele lembrou a necessidade de se fazer uma proposta que leve em consideração o turismo seguro, relembrando a terrível tragédia ocorrida recentemente em Capitólio.
Mar Irati
Há 260 milhões de anos, no período Permiano médio, boa parte do Estado de São Paulo era coberta pelas águas do mar Irati. Uma das evidências mais fascinantes desse antigo mundo marinho está em Santa Rosa do Viterbo, na região de Ribeirão Preto. Lá, o trabalho de extração em uma mina de calcário revelou a existência de diversos estromatólitos gigantes.
Estromatólitos são estruturas sedimentares formadas pela atividade de microalgas em águas rasas. As algas vivem em “tapetes”, que crescem verticalmente ao longo de milhares de anos para formar estromatólitos, assim como ocorre com os recifes de coral.
Documento da SIGEP - Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos (DNPM-CPRM-SBG-ABC-SBP-IPHAN-IBAMA-SBE-ABEQUA) descreve a área como: “Excelente registro de um grande campo de estromatólitos dômicos gigantes que ultrapassam os 5m de altura em alguns casos, dentro do Membro Ipeúna, Formação Assistência, Subgrupo Irati. Associados aos estromatólitos, encontram-se abundantes esqueletos desarticulados de messaossaurídeos e icnofósseis. Trata-se do registro de um ambiente costeiro dentro do Subgrupo Irati”.